CRÉDITOS
FICHA TÉCNICA
PROCESSO
E METODOLOGIA
PROCESSO
O projeto foi elaborado tendo em vista a possibilidade de participação das RPs que estavam engajadas em realizar seus Fóruns Regionais de Planejamento (FRPs). No início do projeto foram convidadas aquelas Regiões comprometidas com esta meta. O projeto foi apresentado aos conselheiros e delegados de quatro RPs (1, 2, 4 e 7). No meio do processo a RP5 aderiu ao projeto passando a realizar os encontros.
A seguir é apresentada uma linha do tempo com os principais eventos que pautaram o processo de elaboração das oficinas e planos. Ela representa de maneira sintética o processo desenvolvido com todas as RPs envolvidas no projeto.

linha do tempo

A elaboração dos PPARs aconteceu a partir da interação da equipe técnica com os representantes e moradores das RPs. As atividades internas da equipe técnica consistiram em reuniões para organização de atividades, além de realização de seminários sobre teorias de planejamento alternativo e análise de planos populares desenvolvidos no Brasil e no exterior, desenvolvimento de metodologias para oficinas participativas, sistematização dos dados e produção de material para oficinas, publicidade e publicação dos Planos.
Ficou a cargo dos Representantes das RPs envolvidas no projeto as seguintes atividades:
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Divulgação e mobilização da comunidade das RPs para a participação nas oficinas;
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Definição da quantidade de oficinas, dos locais e horários em que elas aconteceriam, de acordo com o plano de trabalho elaborado pela equipe técnica.
O fluxo de trabalho durante o processo aconteceu conforme o esquema abaixo. As oficinas participativas foram a principal interface entre a equipe técnica e os FRPs. O acúmulo de informações sistematizadas no PPAR se deu a partir do encontro entre o que foi produzido nos seminários de treinamento técnico com compartilhamento do conhecimento popular local.
FLUXO DE TRABALHO

METODOLOGIA
As oficinas foram divididas em quatro tipos: (1) Preparatória, (2) Presente, (3) Passado, (4) Futuro e (5) Retorno. A metodologia foi baseada no método regressivo-progressivo, de Henri Lefebvre, autor de O Direito à Cidade. O método consiste em olhar para a cidade a partir do presente momento, resgatar a memória dos processos urbanos do passado e então fazer proposições para o futuro. Este método será descrito a seguir. Ainda baseado em Lefebvre (1991), o PPAR se trata de um contraplano, uma vez que não é realizado pelo Estado e também se distância da elaboração de um cenário ideal.
A maioria das oficinas também contou com treinamento técnico ou momentos de formação sobre variados temas de interesse da Região, tais como: o que são Planos de Ação, Projetos Especiais, sistema de abastecimento de água, processos participativos, modelo espacial do atual Plano Diretor, evolução urbana da Região, resgate de fotografias históricas e de manchetes de jornal (em específico de cada RP), dados do IBGE e do Atlas de Desenvolvimento Humano (renda, escolaridade etc), aproximação e trabalho com mapas.
Cada oficina contribuiu para o acúmulo de conhecimento sobre a cidade e sobre a RP. As informações foram identificadas em um mapa de trabalho de uso coletivo e em mapas impressos com tamanho reduzido, além de fichas de papel. Em geral, as oficinas seguiram a sequência de apresentação, treinamento técnico (formação), atividade individual, atividade em pequenos grupos, atividade coletiva e debate final.
OFICINA PREPARATÓRIA
Na Oficina Preparatória o projeto dos PPARs foi apresentado aos conselheiros e delegados das RPs 1, 2, 4 e 7. Após a atividade de formação sobre a participação popular em Porto Alegre, foi desenvolvido um teste da metodologia com uma atividade de mapeamento. Nessa atividade, os participantes se reuniram em grupos conforme as RPs que representavam e escolheram cinco temas prioritários para sua Região, identificando os principais problemas envolvidos e localizando-os em imagens de satélite.
O principal objetivo dessa primeira oficina foi debater os limites e possibilidades de um PPAR, aprofundar o relacionamento com os Conselheiros e Delegados, debater a metodologia a ser trabalhada e ter uma primeira aproximação com a percepção da realidade urbana para cada RP. No final da oficina, houve um momento de apresentação e discussão sobre os resultados, e os representantes de todos as RPs presentes confirmaram seu interesse em participar do projeto.

OFICINA DO PRESENTE
Na Oficina do Presente, os participantes foram incentivados a traçar um diagnóstico atual da área com base em seus conhecimentos prévios, em dados socioeconômicos do Atlas de Desenvolvimento Humano (apresentados em forma de mapa) e em cartões com temas urbanos (habitação, meio ambiente, transporte, etc.). A atividade foi dividida em cinco momentos:
a) apresentação dos participantes e do projeto;
b) momento de formação;
c) identificação de pontos de referência e pontos/áreas de conflito na região;
d) trabalho em pequenos grupos: seleção dos temas urbanos prioritários para a região, descrição dos pontos positivos e negativos de cada tema e identificação da sua localização no mapa;
e) apresentação da atividade anterior ao grande grupo.
Simultaneamente, a prática urbana dos participantes da oficina na vida cotidiana foi elaborada no mapa de trabalho. Cada participante identificou seus principais deslocamentos no mapa com alfinetes para marcar lugares e linhas coloridas para traçar as rotas. As adaptações do modelo das oficinas são planejadas considerando o tempo de duração e o número de participantes em cada RP.

Material utilizado na Oficina do Presente.

oficina do passado
A Oficina do Passado buscou ativar as memórias dos participantes por meio da identificação de transformações urbanas e demandas históricas, de espaços de dominação e de transformação na região.
Após o momento de apresentação, ocorreu uma atividade de formação sobre a cronologia do planejamento urbano de Porto Alegre, com ênfase no atual Plano Diretor e suas implicações na região. A seguir, foram apresentadas manchetes e fotografias históricas que retratam momentos importantes do município. Essas apresentações evocaram memórias individuais e coletivas dos participantes, que foram incentivados a compartilhá-las com o grande grupo.
No terceiro momento, os participantes receberam bandeirinhas em que deveriam escrever individualmente as principais transformações urbanas que ocorreram em lugares do seu entorno. Em seguida, eles se reuniram em pequenos grupos e escolheram alguns dos lugares para descrever o processo de transformação em cartões. No final, os participantes apresentaram seus resultados ao grande grupo, buscando explorar as múltiplas dimensões que se destacaram em cada transformação, estas sendo: imobiliária, arquitetônico-urbanística, institucional, financeira, simbólica, escalar, política e socioambiental. As bandeirinhas com a localização das transformações foram adicionadas ao mapa de trabalho.

Material utilizado na Oficina do Passado e material de divulgação.

oficina do FUTURO
Nas Oficinas do Futuro, os participantes se dividiram em grupos conforme as áreas em que residem e definiram temas urbanos prioritários para gerar suas propostas de transformação.
Uma vez estabelecidos os temas de interesse, um membro da equipe técnica do PPAR atuou como mediador do grupo, resgatando a memória das questões tratadas nas oficinas anteriores.
Um dos participantes do grupo foi escolhido como relator, sendo responsável pelo registro das propostas em fichas que continham os seguintes dados: “o quê?”, “quem?”, “como?” e “quando?”. Os grupos também receberam bolinhas de isopor para localizar no mapa de trabalho as propostas elaboradas. Ao final da oficina, os participantes socializaram as propostas e debateram com o grande grupo.
Material utilizado na Oficina do Futuro.
oficina do RETORNO
A Oficina de Retorno foi pensada como uma oportunidade de apresentação do PPAR, elaboração das considerações finais, correções, complementações e validação do documento.
Os participantes receberam o documento para uma leitura prévia. Na oficina foi feita uma breve apresentação do documento, seguida por uma discussão sobre seu conteúdo e processo de elaboração. Após organização interna dos participantes, foi feita a atualização dos PPARs de acordo com os apontamentos das RGPs. Cabe destacar que a Oficina de Retorno da RP1 se deu ainda de modo presencial, semanas antes do início da pandemia de Covid-19. As outras oficinas aconteceram de forma remota e, por este motivo, com a participação reduzida.
É importante destacar que a frequência dos participantes foi variável ao longo do processo, de modo que algumas pessoas não estiveram presentes em todas as oficinas, assim como pessoas novas se juntaram ao longo do processo. Por tal motivo, destaca-se a importância dos registros realizados a cada oficina para que a participação de todos fosse levada em consideração, do início ao fim de todo o processo.